Greve dos caminhoneiros não deve prejudicar mercado local. Produtores preferem manter safra na capital a perder cargas na estrada
Além de não correr risco a curto prazo de desabastecimento de hortifrutigranjeiros no Distrito Federal, alguns produtos podem ter preços reduzidos pelo aumento da oferta. É o que avalia o presidente das Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa), Renato Dias, que fez questão de tranquilizar os brasilienses em relação aos reflexos da greve dos caminhoneiros na capital. A paralisação foi iniciada no último domingo (22).
"Podemos ter casos de superabastecimento de alguns itens, pois os agricultores que normalmente mandam suas produções para os estados em que é necessário passar pelos pontos bloqueados tendem a direcionar essa carga para o DF, evitando que esses produtos se percam no caminho", explicou Dias. "Isso aumenta a oferta e gera uma redução do valor comercializado."
Segundo ele, até o momento, a paralisação dos caminhoneiros não afetou o abastecimento no DF. Porém, alguns produtos trazidos de outros estados, como frutas, podem ser levemente comprometidos, caso os bloqueios durem por muito tempo. Para os demais produtos, só haverá prejuízos se as manifestações ocorrerem nas principais rodovias utilizadas para a entrada de alimentos na região, como as BRs-040, 050 e 060.
Manga e maçã
O chefe de Estatística da Ceasa, Fernando Santos, deixou claro que, da forma com que a mobilização está sendo conduzida, a capital não sofrerá impactos significativos: "O único reflexo que pode ocorrer são cargas de produtos pontuais chegando com atraso e, como são perecíveis, essa demora na estrada pode causar perda de até 30% do estoque".
Frutas como mamão e manga, que vêm do sul da Bahia e do norte de Minas Gerais, eram para chegar hoje (25) pela manhã e vão desembarcar no DF hoje à noite. Santos acrescenta ainda que alguns atacadistas resolveram reduzir e até mesmo cortar a compra de maçã e de cebola, pois são originários do sul do Brasil, região com estradas interrompidas.
Pedido de liminar
No início desta semana, a Advocacia-Geral da União (AGU) protocolou ações na Justiça Federal dos estados onde houve bloqueio de rodovias, com pedido de liminar para que as estradas sejam desimpedidas.
O Secretário da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do DF, José Guilherme Leal, disse que o termômetro que registra a falta ou o excesso de abastecimento na Ceasa funciona todas as segundas e as quintas-feiras: "Até o momento não houve registro aqui na secretaria de algum problema no local", afirmou o secretário. "Amanhã (26), faremos nova avaliação."
Reivindicações
Motoristas começaram a formar filas em trechos das BRs na madrugada do dia 22 em Minas Gerais e em outros seis estados. Além da questão do preço do diesel e do valor do frete, reivindicam a revisão da Lei n° 12.619, de 30 de abril de 2012, que regulamenta o exercício das atividades dos motoristas profissionais.
Segundo a legislação, a categoria deve repousar 11 horas num período de 24 horas e parar uma hora por refeição. Em vez disso, os caminhoneiros querem oito horas de descanso.
Nesta quarta-feira, representantes da categoria têm encontro no Ministério dos Transportes com o objetivo de negociar com o governo os rumos da paralisação que bloqueia estradas no País.
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Por Olivar de Matos
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