A festa literária trazer a Brasília nomes como Eduardo Galeano, Mia Couto e Ariano Suassuna para debater literatura, América Latina, ditaduras e novas gerações de escritores
O escritor Eduardo Galeano é um dos homenageados da Bienal
Ditadura, protestos que tomaram as ruas em 2013 e a nova geração de ficcionistas brasileiros e latino-americanos sobem ao palco de debates, a partir de sábado, para dar início a uma semana de discussões e reflexões em torno de temas que são tão políticos quanto literários. Com 148 autores, entre os quais 40 estrangeiros, a 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura está politizada e traz temáticas bastante atuais.
Três seminários vão abordar história e cidadania. Em Krisis, nomes como Mia Couto, Vladimir Safatle e Cristovam Buarque falarão sobre os protestos de julho do ano passado, intolerância religiosa e violência na sociedade contemporânea. O regime militar estará em pauta nas vozes do uruguaio Eduardo Galeano, homenageado do evento; Thiago de Mello, Antonio Torres, Capinam, Ziraldo, Frei Betto e Ignácio de Loyola Brandão. “Há um link entre a ditadura e os debates sobre as cidades rebeldes das manifestações”, comenta Nilson Rodrigues, coordenador-geral do evento. “O êxodo rural que a ditadura promoveu porque não fez a reforma agrária, em grande medida é responsável pelo caos urbano que vivemos hoje.” A cultura popular do campo e a erudita estarão na fala de Ariano Suassuna, também homenageado.
A escrita jovem mostra a cara nos seminários Brasil, América Latina e África: novas realidades, novos escritores e Internet, estética, difusão e mercado, com convidados que representam a nova geração da ficção no continente Latino Americano e nos países africanos de língua portuguesa. Os brasileiros Daniel Galera, Michel Laub, João Paulo Cuenca, Raphael Montes, Ana Paula Maia e Antonio Prata dividem as mesas com a mexicana Valéria Luiselli, a argentina Pola Oloixarac, a nigeriana Nnedi Okorafor e o francês Pierre Levy. “Depois da década de 1970, a literatura brasileira entrou em certa decadência. De 1980 para cá, proliferou uma literatura comercial, e nos anos 1990 houve uma exuberância de cópias apagadas de autores estrangeiros de entretenimento”, garante Luiz Fernando Emediato, curador da Bienal. “E de 2000 para cá, temos alguns nomes que prometem uma literatura de peso. Tomara que isso aconteça. É uma literatura moderna, que fala de comportamentos, de novas sexualidades, sem preconceitos, que fala de internet.”
Fique atento!
Para assistir à palestra do uruguaio Eduardo Galeano, na sexta-feira (10/4), às 20h30 no Museu Nacional da República, será preciso retirar os ingressos, nesta quinta-feira (9), na bilheteria do próprio museu, entre as 12h e as 20h. A 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura disponibilizou 500 ingressos, e cada pessoa pode retirar até dois.
Destaque do primeiro fim de semana da Bienal
Sexta-feira
Palestra de Eduardo Galeano — 20h30, no auditório do Museu Nacional da República
Show do grupo Tarancón — 22h, na Praça do Museu Nacional da República
Sábado
Recital poético com José Luiz Tavares (Cabo Verde) — 14h30, no auditório Nelson Rodrigues
Narrativas contemporâneas da história do Brasil, com Paulo Rezutti e Tiago Luís Gil — 16h30, no auditório Nelson Rodrigues
Futebol e literatura, com Sérgio Rodrigues, Xico Sá e Paulo Rossi — 17h, no auditório Jorge Amado
Lançamento de O homem que amava os cachorros,d e Leonardo Padura (Cuba) — 18h30, no auditório Nelson Rodrigues
Sarau em homenagem a Juan Gelman — 21h, no auditório Nelson Rodrigues
Show de Carlos Lyra — 22h, na Praça do Museu Nacional da República
Domingo
A nova geração de ficcionistas brasileiro, com Michel Laub, Verônica Stigger, Luisa Gleiser e José Rezende — 11h30, no auditório Jorge Amado
Internet — estética, difusão e mercado , com Alexandra Marino, Daniel Galera, Joca Terron e André Giusti — 15h, no auditório Jorge Amado
Futebol e ditaduras na América Latina, com Eduardo Galeano, Lúcio de Castro, Mário Magalhães e Rodrigo Merheb — 16h, no auditório Nelson Rodrigues
Literatura no feminino, com Naomi Wolf e Débroa Diniz — 18h30, no auditório Nelson Rodrigues
O golpe, a ditadura e o Brasil: 50 anos, com Alfredo Sirkis e mediação de Tereza Cruvinel — 20h, auditório Jorge Amado
Brasil, América Latina e África; novas realidades, com Nnedi Okorafor (Nigéria), Pola Oloixarac (Argentina), João Paulo Cuenca e Graça Ramos — 20h30, no auditório Nelson Rodrigues
Show do MPB4 — 22h, na Praça do Museu Nacional da República
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